quinta-feira, 29 de abril de 2010


Quando dei por mim, já tínhamos sido entregues ao acaso. E por mais que fosse previsível, a gente não riu. E não nos importamos com o que nos foi reservado: Não pensar, não analisar, não dizer nada, simplesmente sentir. E foi fácil aceitar o que o destino armou, parecia que era um presente para nós. Aí tudo virou jogo, aonde não se compete. Não se ganha, nem perde. Não se mede nada, não se opõe a nada. Apaga a luz que a gente se vê melhor. Jogo de tato, de palavras, sons e cheiros. Jogo de pique-esconde e pique-acha. E tudo fica mais frágil e ao mesmo tempo invulnerável. Chega-se ao extremo com qualquer ato. As pontas dos dedos tornam-se quentes, o cabelo torna-se leve, a pele torna-se fina e sensível, o pescoço se arrepia com a brisa que passa no vão da porta. As mãos dançam, enquanto as costas se tornam pista de dança e as unhas, os sapatos. E a dança é livre como o jogo. Os lábios se tornam ímãs tão fortes que separá-los é tarefa árdua. A matéria não existe, ela é abstrata como a alma. Nem o corpo se limita ao físico. O corpo é coisa viva e móvel, coisa distante da vontade e alheia ao espírito. O corpo se move sozinho, não pede permissão para sentir. Não pergunta até onde pode ir, ou o que é certo. E esse jogo não tem regras, não tem hora para começar, muito menos para ir embora. Não tem pontuação e ninguém desiste antes do fim. O melhor de tudo é você, quando suspira, decretando fim de jogo e me fazendo cair em paixão de novo. É assim que eu te amo."

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©2011 '' Modificado por Ingrid C. da Silva
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